
José Boa Morte Ribeiro Murtinho Júnior é um homem de cinquenta anos que parece ter vivido mil vidas em uma só. Melancólico, solitário, fumante e sempre com um copo por perto, ele atravessa cidades e pensões como quem atravessa corredores de memória. Vive de uma herança que nunca foi fortuna, apenas sustento para uma sobrevivência errante, sem raízes, mas marcada por rastros invisíveis. Ao longo de dezesseis capítulos, sua vida se revela como um mosaico de fragmentos: as pensões onde se instala e de onde parte sem deixar lembranças; os bares de bairro onde velhos dividem histórias e ele se reconhece nos ecos de vidas gastas; a herança que sustenta sua errância, mas não lhe oferece sentido; as cidades que se esquecem dele e que ele também esquece; e a aparição quase fantasmagórica de uma mulher de vermelho, memória, alucinação ou desejo que o acompanha como sombra persistente. José é atravessado pela violência súbita do copo estilhaçado, pela consciência de carregar inúmeras existências, pelos trens noturnos que simbolizam fuga e deslocamento, pelo silêncio das madrugadas que lhe devolvem sua solidão mais crua. Ele frequenta funerais sem corpos, retorna a bares antigos, escuta vozes que não existem mais, mergulha em noites de névoa em que sonho e delírio se confundem. Tudo converge no Último Bar, espaço ambíguo de fim ou redenção, onde passado e presente se entrelaçam e José encara a totalidade de si mesmo; homem de deslocamentos, de memórias quebradas, de existências múltiplas
Number of pages | 68 |
Edition | 1 (2025) |
Format | A5 (148x210) |
Binding | Paperback w/ flaps |
Paper type | Cream |
Language | Portuguese |
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