Síntese interpretativa do livro à luz da Filosofia da Imaginação Natural
A obra não é apenas um comentário ao Colombo de Porto-Alegre, mas uma crítica radical ao processo histórico de desfiguração do imaginário brasileiro, conduzido, segundo o autor, pela imposição de um “Ser” europeu que colonizou não apenas nossas instituições, mas também nossa linguagem, percepção e subjetividade. Esse "Ser" é identificado como uma ficção dominante, que apagou a possibilidade de um imaginário autêntico brasileiro.
Como propõe a Filosofia da Imaginação Natural, o que sustenta toda realidade não é a verdade empírica ou racional, mas uma rede de ficções (in)reais que organizam a percepção do mundo. O livro demonstra como o Brasil, ao adotar as categorias do Ser europeu — república, liberdade, democracia, sujeito, ciência, universidade — tornou-se incapaz de criar sua própria realidade e ficou preso em um discurso alheio, que ele apenas repete como eco.
Márcio Grei, ao longo da obra, faz um movimento duplo:
Desconstruir o discurso do Ser, mostrando como ele opera como instrumento de dominação política, cultural e subjetiva no Brasil, especialmente após a queda do Império e a imposição do Obscurantismo Republicano;
Reconstruir a possibilidade de um imaginário próprio, brasílico, não como representação identitária no molde europeu, mas como in-maginário: uma instância que não se submete a idioma, gramática, tempo, espaço ou sujeito, e que só pode ser pensada como uma rede de ficções que...
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