Em “O Coração da Bondade” o Lama Zopa Norbu faz o leitor se deparar com uma análise em que a conceituação dual, que coloca pontos de vistas em posições antagônicas, cede lugar a uma interpretação inclusiva e sem preconceitos sobre os ensinamentos de dois dos mais influentes seres que o planeta já recebeu: Buda e Cristo.
A obra de 90 páginas demonstra em pormenores que os preceitos destes grandes mestres têm mais em comum do que a maioria pode imaginar. Neste contexto, o livro é um instrumento perfeito para ampliar a visão de budistas, cristãos e qualquer interessado em reconhecer as relações naturais entre tão antigas e belas filosofias, que há séculos são separadas por más-interpretações, num jogo que resultou em ações de desunião, em total descompasso com os ensinamentos originais.
De leitura fácil e agradável, “O Coração da Bondade” estimula as pessoas a saírem da zona de conforto que permeia grande parte de suas vidas – senão, de toda a vida – para observar uma realidade bem mais ampla. Neste caso, pode ser encarado como um tratado subversivo, já que demonstra a incongruência em que vivem as pessoas, tomadas por uma existência sem rumo e sem liberdade de escolha, apesar de serem levadas a pensar o contrário.
O Lama Zopa Norbu dedica-se em boa parte da obra a esmiuçar um dos mais íntimos de todos os nossos medos, presentes tanto nas palavras de Cristo quanto nas do Buda. Trata-se do fato de termos de encarar a nós mesmos, desnudos das facetas cotidianas, para que a partir daí se possa, conscientemente, iniciar um verdadeiro caminho de evolução espiritual.
“O Coração da Bondade” potencializa o diálogo inter-religioso, derruba fronteiras e serve de antídoto para uma época tão marcada pelo fundamentalismo. É um livro verdadeiramente transformador.
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