A obra que agora se apresenta reflete a luta empenhada pelos ilhéus do Rio Paraná em disputa pelo reconhecimento territorial e a autodeterminação étnica que tem como objeto de disputa as ilhas fluviais localizadas no extremo Noroeste do Paraná – divisa com Mato Grosso do Sul. O procedimento de pesquisa resultou de um ensaio antropológico encomendado pela Associação dos Ilhéus Atingidos pelo Parque Nacional de Ilha Grande e APA Federal das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná (APIG) e do Movimento dos Ilhéus do Rio Paraná (MOIRPA), tendo por finalidade central apontar os critérios de pertencimento étnico à identidade de ilhéus do Rio Paraná, reforçando, assim, o reconhecimento dos direitos deste povo tradicional. A mobilização social dessas comunidades foi acompanhada, neste estudo, pela interpretação da situação histórica que conformou sua unidade social e étnica nas ilhas, seguida pelos processos de territorialização identificados no período das barragens e da criação das unidades de conservação, o que denotou mudanças nos padrões de relações políticas do grupo face as medidas adotadas pelo aparato do Estado. Tais transformações expressam a reorganização social e política do grupo em reação a expropriação, desde uma clara manifestação das estratégias de reivindicar as indenizações, retomar as posses e/ou resistir em seus territórios tradicionais, sobretudo na área atingida pela APA Federal, não obstante a área afetada pelo Parque Nacional mantivesse focos de resistência e retomadas.
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