O apocalipse não acontece de uma vez. Muito menos uma só vez. Ele começa devagar, pelas frestas, nos detalhes que ninguém percebe. Uma febre que não passa. Um desaparecimento estranho. Uma sombra que atravessa a rua sem deixar rastro. Vem acompanhado de pragas e milagres. O mundo não desaba com um estrondo. Ele apodrece de dentro para fora. E quando as pessoas finalmente notarem... Será tarde demais.
A verdade é que essa história não começa aqui. Nem termina aqui. Ela é um ciclo, uma espiral que se repete há séculos, mudando rostos, corpos, cenários, mas sempre voltando ao mesmo ponto. O início de mais um fim.
Cássio não escolheu estar no centro disso. Ele não é um herói, e nem almeja esse lugar. Mas sabe atirar, sabe correr, sabe sobreviver. E sabe o que acontece quando se deixa sentir demais. Aprendeu a endurecer, a manter distância. Os poderes que carrega são um fardo e uma arma. E às vezes, ele mesmo não sabe qual dos dois pesa mais.
Safira sempre soube. Desde pequena, ouviu vozes que ninguém mais ouvia, viu o que os outros fingiam que não existia. Cresceu entre médiuns, magistas, fantasmas e mentiras. Agora é ela quem dá as ordens. Não porque quer, mas porque ninguém mais tem coragem de fazer o que precisa ser feito. Ela é fria quando precisa. Letal quando exige. E ainda assim, ama com a mesma intensidade com que luta.
Lucas chegou depois. Mais sensível, mais perdido, mais humano. Talvez por isso tenha sido o que mais sofreu. Talvez por isso ainda esteja aqui
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