O Amor, Depois

As linhas gerais do romance O Amor, Depois vão parecer ao leitor uma montanha-russa. Um romance que começa pela incerteza do adiamento não poderia terminar de outro modo. No frenesi do movimento de uma memória delirante e suicida.Trata-se na verdade de um projeto literário de um ex-escritor.

Para quem entendeu pouca coisa ou nada, quando do lançamento de Mocinho, Adeus - um livro desde logo marcado pelo ressentimento - , o que o leitor pode esperar, agora, diante dessas cento e poucas páginas que acabaram de sair do forno - ou seria da fornalha? Saiu o ressentimento de meia-idade e sobrou o que, exatamente? Sobrou o desejo de superar as quinquilharias colecionadas em troca da energia alucinante de algumas páginas reviradas como ondas violentas sobre as costas brancas de um banhista desavisado e muito, muito imprudente.

Mas como restaurar essa energia vital que vem das palavras em carne viva? No último fôlego de quem sob as águas observa a praia se afastando, nenhuma morte seria capaz de ressuscitá-la.