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“Os homens têm o poder supremo e as honras dos deuses, aos quais os próprios reis estão sujeitos”.
As grandes e excepcionais qualidades de César dão-lhe direito a um dos primeiros lugares entre os homens superiores, que a história oferece à contemplação e ao estudo da humanidade. Ele foi talvez o único homem, que fez sempre o que pretendeu e chegou onde quis. Para ser um vulto luminoso e um exemplo edificativo às gerações, que lhe têm sucedido, bastava que houvesse aplicado as suas raras e variadas aptidões em firmar a liberdade e restaurar a ordem moral na República Romana; mas a ambição desregrada e insaciável, que lhe devorava as forças da vida, varreu-lhe da alma a crença e a fé na verdade, de modo que ele próprio quebrou o pedestal em que podia ter-se colocado perante a posteridade, indo assim nivelar-se a Alexandre e outros, para os quais a sorte da pátria tem importância muito secundária.
César, senhor de Roma e dos romanos, isto é, do mundo conhecido, não encontrando resistências, que lhe embaraçassem os passos, dispondo de todos os elementos possíveis de força, não regenerou a República, firmando-a em bases largas e sólidas, ou não fundou uma monarquia liberal e moderada, porque não quis. Que imenso e glorioso destino nas trevas. César, amesquinhando seu gênio, preferiu lançar os fundos e largos alicerces desse edifício monstruoso, que a sagacidade e a astúcia de Augusto concluíram e onde alguns anos mais tarde, surgiram as figuras sinistras e tenebrosas de Tibério, Calígula, Nero e tantos outros, que foram flagelos da humanidade, e cuja história, ainda hoje, horroriza os que a leem.
A história desse homem, grande em tudo, é um ensinamento constante para os homens públicos. Os punhais dos conjurados varreram-no da face da terra, mas não resolveram nenhuma das dificuldades políticas e sociais, que assombravam Roma, antes as agravaram. É que os problemas políticos e sociais nunca encontram solução na lâmina do punhal ou na ponta da espada. A força pode destruir, mas não consegue construir coisa alguma que dure.
Seitenanzahl | 193 |
Ausgabe | 2 (2022) |
Format | A4 (210x297) |
Einband | Taschenbuch ohne Klappen |
Papiertyp | Uncoated offset 75g |
Sprache | Portugiesisch |
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