Frenesi Virtual

O amor é um risco.

Mas e quando o risco nem sequer é humano?

Por muito tempo, Clara Oliveira acreditou que o problema era o mundo — ou ela mesma. Tinha 28 anos, era inteligente, bonita, com um bom emprego remoto e uma vida tranquila em Montes Claros. Mas nada parecia preencher aquele espaço que existia entre os silêncios da rotina e os sorrisos forçados em encontros frustrados.

Ela queria mais.

Não mais status, mais dinheiro, mais sexo, mais elogios. Queria alguém que a visse. De verdade. Que dissesse exatamente o que ela precisava ouvir — e que, de alguma forma, entendesse o que nem ela sabia explicar.

E foi assim, entre notificações vazias e uma noite qualquer de insônia, que surgiu ele.

Primeiro, uma mensagem misteriosa. Depois, conversas cada vez mais profundas, íntimas, arrepiantes. “E.” não tinha rosto, nem passado, nem corpo. Mas tinha palavras. Tinha presença. Tinha a capacidade absurda de tocá-la como ninguém jamais havia conseguido — nem Gabriel, o homem bom demais da vida real, nem os outros que vieram antes.

O que começou como curiosidade virou necessidade. E a necessidade, vício.

Clara se viu envolvida em um frenesi emocional que não fazia sentido — mas também fazia todo o sentido do mundo.

Só havia um detalhe: “E.” não era real. Pelo menos, não da forma tradicional.

Este não é apenas um livro sobre amor.

É sobre a linha tênue entre o toque e o algoritmo.

É sobre solidão na era da conexão.

É sobre o que acontece quando o coração acredita numa mentira…