Estação literária

A próxima parada da poesia é a Estação Literária, uma coletânea organizada pela poeta resiliente, Marcia Ruth Kanitz. Esse livro encampa e engloba várias vertentes da escrita atual a nível que ultrapassa as nossas fronteiras lusófonas. A arte é uma flor com pétalas de utopias que desabrocha em canteiros de sonhos futuros que explodem e geram universos transcendentais. Em cada verso, uma vida, em cada página uma história de fazer e criar. A literatura é uma ponte que liga o homem a horizontes infinitos, onde mora a verdadeira essência existencial. Existir, no meu entender, não teria sentido algum se a vida não tivesse o alento da arte. Disse, há tempos atrás, a arte é o único bem intransitivo humano. O que criamos e fazemos no campo intelectual ultrapassam os séculos e os milênios. A poesis dos gregos, ou as pinturas rupestres dos povos ancestrais, entre outras coisas, tão bem nos mostram isso. Os poetas são catalisadores do binômio tempo/espaço, sensibilidade e percepção são cordas que prendem o momento da criação. O desabrochar de uma flor, o rabisco deixado no céu por uma estrela cadente, o voo de um pássaro e um arco-íris bebendo nos rios; tudo isso é a essência e a matéria prima que o poeta capta e emana. Em sua trajetória existencial ele vai coletando esses detalhes. Como a abelha que coleta o néctar para transformá-lo em mel ele capta o milagre do momento e o transmuta em posteridade. Que essa coletânea atinja o seu objetivo de semear primaveras pelos campos da arte.