Pesadelos do Fim

Estela nunca foi do tipo que acreditava em destino. Jornalista acostumada a cobrir o lado mais cru da realidade — sangue, tragédia, corrupção —, aprendeu cedo a calar a própria intuição em nome dos fatos. Mas algo mudou. Primeiro vieram os sonhos: visões intensas demais para serem descartadas, íntimas demais para serem aleatórias. Depois, as vozes. Os sinais. Os sussurros de um mundo que a razão se recusa a aceitar.

Enquanto o mundo lá fora parecia desmoronar em silêncio — com suas ruas mais vazias, os céus mais cinzentos, e os noticiários mais frios —, Estela mergulhava em uma espiral entre a lucidez e o delírio. O sobrenatural deixou de ser pauta para tornar-se presença. E quando a verdade finalmente se impôs, ela descobriu que era mais antiga do que qualquer manchete: algo a chamava de volta. Algo que atravessava séculos.

Nas entrelinhas da realidade, Estela encontrou sinais de um apocalipse que não começa com bombas nem termina com silêncio. Começa dentro. Nas memórias de outra vida. Nos olhos de uma mulher que parecia conhecê-la melhor do que ela mesma. Nos corredores ocultos de uma cidade que guarda muito mais do que concreto. E no rastro de um mal que se alimenta de tudo o que é humano — especialmente do medo.

Esta não é apenas uma história sobre o fim do mundo. É sobre o que sobrevive ao fim.

É sobre Estela. E sobre o que ela está disposta a perder para não esquecer quem ama.